Tigre

Eu sempre quis domesticar um tigre pequenino,
um felino ainda bebê, com garras tais como se fossem espinhos de delicadas flores.
A ele alimentaria com um leite entre morno e quente, um leite grave,
até que suas listas vagamente amareladas ganhassem o rotundo negro que os faz (aos tigres) temíveis nas florestas,
assim como a portentosa juba transfigura os leões,
estes seres quase femininos, no terror insuperável das savanas.
Ele cresceria até o limite de suas forças,
até ficar um animal urgente,
capaz de devorar um ser humano
apenas com o susto das mandíbulas de aço,
até que seus fios de prata, o ouro de suas vestes
(o cobre apenas lhe reveste a máscara dos dentes),
a beleza feita de intensidade e músculos,
assemelhada à de certas mulheres e à de raríssimos cavalos,
nos deixassem um só amontoado de dor e fibras pelo pátio,
o corpo e a alma inteiros, mas feitos em pedaços.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Jolene: a pérola de Dolly Parton