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Mostrando postagens de 2010

Um país sem Hilda Hilst

Eu sempre me fascinei com o matemático indiano Srinivasa Ramanujan. Ele dizia que para resolver seus intricados teoremas era movido apenas pela beleza das equações. Na poesia também é assim. É uma espécie de exercício do não dizer, mas que nos dilata de beleza quando acabamos de ler um poema. Hilda Hilst morreu em fevereiro de 2004, cinco dias antes do meu aniversário, de falência múltipla dos órgãos, depois de uma queda em que fraturou o fêmur. Aquele foi um péssimo fevereiro. Escrevi um artigo nesse dia, desolado com a indigência não propriamente literária, mas cultural deste país. Os telejornais daquele dia, fixados em celebridades fúteis, sequer conseguiram dar a entender à população que o Brasil perdia um de seus expoentes, uma pessoa das mais dignas, uma artista singular. Se não fossem os cadernos de arte dos principais jornais impressos, o episódio receberia quando muito uma locução em off . R eproduzirei aqui o que afirmei à época (e dou início neste momento a um trib

Mindy Smith - Jolene.

Alexis Grace- Jolene

Brooke White - Jolene

Sobre um poema de Mário Faustino

Um jovem leitor publicou em sua página na Internet um poema admirável de Mário Faustino, um autor que há anos deixei de revisitar e que conviveu com alguns de meus mais caros mestres e amigos em Belém do Pará. Ler o poema me trouxe de volta à mente a força literária desse cara. É um poema devastador, com aquela vibração de arco de violino própria da arte autêntica, de uma inquietação à flor da pele e à flor do estilo, produto de uma técnica de escritura que em momento algum é "bijuteria" no poema. E é um poema de amor , algo que realizar depois de Shakespeare e uns tantos gênios do naipe do Bardo é quase sempre um perigo para um escritor cerebral que defende alguma reputação. Ei-lo, puro Arco do Triunfo: BALATETTA Por não ter esperança de beijá-lo Eu mesmo, ou de abraçá-lo, Ou contar-lhe do amor que me corrói O coração vassalo, Vai tu, poema, ao meu Amado, vai ao seu Quarto dizer-lhe quanto, quanto dói Amar sem ser amado, Amar calado. Beijai-o vós, felizes Palavras que