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Cor de cinza

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Uma violenta chuva alcançou o lado norte da ilha no Dia de Finados. Chegou repentinamente, e logo nas primeiras horas da manhã já transformara cada palmo do rancho num mundo cor de cinza. Certa escuridão espessa e vaporosa tomou conta de tudo. Nas coberturas de zinco, lá fora, a água produzia um ruído de batalhas, de trem avançando sobre trilhos. As árvores mais frágeis eram curvadas furiosamente pelo vento e suas cabeleiras, em frenesi, varriam o solo enlameado. Era um dilúvio. Ao meio-dia, um sopro mais forte do vento atirou longe metade do ­telhado da cavalariça, rebentando ripas e assustando os cavalos. Ouviam-se seguidamente relinchos agudos que logo se perdiam no ar, tragados pelo barulho da tempestade. Dudu ficou preocupada: os bichos poderiam ter se machucado. O espedaçar de paus e telhas tinha sido tão violento que seu som ainda ecoava. Tão longe e tão violentamente foram atirados os pedaços da cobertura envelhecida que na certa haviam atingido algum animal. O mundo se aca