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Mostrando postagens de janeiro, 2015

Réquiem para um ser amado

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Ao José Vinas, in memoriam Hoje não direi que a vida basta. A vida é um enigma que passa. Dolor aos olhos, marcas de pegadas, A vida é só o passo de botinas gastas. Entre uma hora e outra em que vencemos A cada passo a vida que tivemos, Se a vida passa, não direi. E viveremos O pôr do sol das mortes que tememos. A vida é uma aurora que desgasta A luz dos dias todos, se morremos. Mas logo nasce a manhã... Não vês Que o Amor recria tudo o que desfez?

Discurso do poeta Pablo Neruda ao ganhar o Nobel de Literatura

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"Tenho expres­sado frequentemente que o melhor poeta é o homem que nos entrega o pão de cada dia: o padeiro mais próximo, que não pen­sa que é deus. Ele realiza a sua majestosa e humilde tarefa de amassar, colocar no forno, dourar e entregar o pão a cada dia, com uma obrigação comunitária. E se o poeta chegar a al­cançar esta consciência simples, poderá também a cons­ciência simples converter-se em parte de um colossal arte­sanato, de uma construção simples ou complicada, que é a construção da sociedade, a transformação das condições que rodeiam o homem, a entrega de uma mercadoria: pão, verdade, vinho, sonhos." (Pablo Neruda) Meu discurso será uma longa travessia, uma viagem minha por regiões longínquas e antípodas, não por isso menos seme­lhantes à paisagem e às solidões do norte. Falo do extremo sul do meu país. Nós, chilenos, nos afastamos tanto até tocar com nossos limites o Polo Sul, que parecemos a geografia da Suécia, que roça com a sua cabeça o norte nev