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Mostrando postagens de novembro, 2013
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Bela, a quem o mar chama de música Clique aqui para ouvir Cinema Paradiso , com Chris Botti e Yo-Yo Ma Paradiso Há mil anos procuro pela Terra A canção capaz de revelar A doçura, a tristeza de te amar Só mais um dia. Fui aos oceanos mais profundos Em busca dos seres cuja voz Encanta até as pedras,  Aos quais ninguém resiste. Mas voltei confuso: o mar em fúria, O vento não me deixava em paz, Os lamentos eram de horror E havia sangue em naus e tombadilhos. Segui então aos céus. Falavam De um tal coro de anjos Que faz tremer as almas, Mas seu canto era tenro, Com modos de novilha, Lento e delicado, mas um tanto Que nos fez enjoar, se prosseguia. As aves da floresta cantavam Num tom tão efusivo Que as cores todas me doíam Aos olhos e aos ouvidos, insistentes. E nos jardins de flores brancas soava apenas A voz muda duns insetos barulhentos. Onde encontrar a música, minha alma, A dor-delícia de abrir os olhos dia a dia E ver-te a meu lado, bela,
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A delicadeza do olhar Há treze anos, publicamos pela Letraviva um livro intitulado Quem está escrevendo o futuro? , com 25 textos – de autores como Affonso Romano de Sant'Anna, Frei Beto, Leonardo Boff, Moacyr Scliar (e outros grandes nomes) – e mais ou menos 18 fotografias do genial Sebastião Salgado, para as quais fiz o mesmo número de poemas, a que mal chamei de "legendas poéticas".  Fui movido pelas imagens a fazê-los, inquieto com o que via ali na minha frente, na tarefa de editor, com aqueles registros profundamente humanos do artista.  Os poemas foram diluídos no capítulo assinado por S. Salgado, Um olhar sobre o século XX , que trouxe também ilustrações de Branco Medeiros.  Ontem, revendo um vídeo sobre o projeto Gênesis , desse artista internacional a quem muito admiro, decidi republicar aqui os poemas, com algumas das fotos dele que considero emblemáticas de seu modo de ver o mundo: aquela delicadeza própria de seu nômade olhar, que peço licença para rep
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Dia de matar porcos Não, eu não estou falando de políticos brasileiros , mas desta foto de Paulo Amorim que acabo de publicar, menção honrosa no concurso  Awards of Humanity Photo Awards 2013 , promovido pela Unesco e Associação de Fotógrafos da China, país onde aconteceu a cerimônia de premiação. O título original da foto é Faire le Cochon, algo como "fazer (ou preparar) o porco". A imagem foi flagrada em Lozere, no sul da França, em 30 de dezembro de 2011. Diz a legenda original que essa é a maneira tradicional de se preparar o porco numa pequena aldeia entre montanhas no sul da França, tirando-se os pelos do animal com fogo, a água fervente a escorrer pelo fio da faca usada para o abate.  Não deixa de ser impactante para corações fracos, o meu inclusive – mas a luz, ah, a luz de um Vermeer e o drama humano em sua tarefa cotidiana de existir estão ali, num exemplo admirável do belo trágico no fotojornalismo, a demonstrar o quanto ainda estamos próximos da barbárie.
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O trabalho como tortura Uma reflexão sobre o papel das lideranças no mundo corporativo Apesar de tudo, a infelicidade Muito se evoluiu em múltiplos e decisivos aspectos nas relações de trabalho, no pensamento dos empresários e na visão dos profissionais sobre o seu ofício.  Apesar disso , passadas as fases agudas de regimes desumanos (embora ainda se registrem casos frequentes de apropriação escravista de milhares de pessoas), o trabalho continua sendo demonizado por muitos, só que em função de outros fatores, mais subjetivos, mais emocionais: reclama-se hoje de desmotivação, competição feroz, falta de reconhecimento profissional, fazer alienante (ainda), capacitação abaixo da expectativa, ausência quase absoluta de concepções e estruturas ergonômicas nas fábricas e nos escritórios. A situação dos líderes e do staff é ainda mais desalentadora. Os dados do quadro a seguir foram extraídos da matéria de capa da edição de julho de 2007 da revista Época e resumem os resultados de
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Humanidad: Casa de Demolição O meu último livro de poemas, Humanidad , foi escrito quase em transe, de "uma só penada", numa noite insone. Eu estava impactado por uma declaração do físico Stephen Hawking acerca das possibilidades de sobrevivência da espécie humana no planeta.  Não é das mais otimistas a visão do cosmólogo, talvez a mente mais brilhante do mundo que conhecemos.  Segundo ele, a humanidade não tem mais muito tempo, quem sabe tempo nenhum, se considerarmos a escala cósmica. Para além dessa matemática universal, mas não tão distante dela, há muitos que argumentam que a grande questão não é cogitar como estará o Homem daqui a 200 milhões de anos, mas saber se sobreviveremos a mais um par de séculos – diante de tanta imprudência, insensatez e desrespeito de quase todos para com todas as espécies (a nossa inclusive) e o planeta. O poema transcrito a seguir, também intitulado  Humanidad , longo, difícil de ler (eu sei) porque angustiado, feito em escrita um