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Mostrando postagens de abril, 2014
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O cão É domingo de maio.  Faz frio, está seco. Estou sentado no pátio da casa ouvindo longe o latido constante de um cão abandonado num quintal qualquer. Há um céu cinzento.   Desde as primeiras horas, late esse cão. Faminto? Provavelmente preso. E já está rouco. Em vão caminho até o fim da rua para tentar localizar de onde vem o grito. No emaranhado de árvores, muros e casas altas, não consigo saber do cão exáspero.  Ligo à Sociedade Protetora dos Animais e uma cantilena do outro lado diz:  Deixe recado após o sinal! Meu cérebro fervilha, minha indignação também. Pergunto a umas poucas pessoas que encontro na rua: Onde o cão? Mas todas passam rápido demais, assustadas demais. Ninguém está interessado em vozes, gritos, cães, sobretudo se estão famintos. Tento, as mãos em concha, apurar a percepção deste velho e cansado ouvido para ouvir melhor o animal e seu lamento, mas de repente cessa o grito angustiado, e não retorna mais.  Penso que lhe chegaram os donos com o de