A graça é ainda mais bela que a beleza E que é a graça? É tudo. É, em primeiro lugar, a inteligência. Que vale a formosura plástica, quando é a companheira da estupidez? E a inteligência não dá apenas às mulheres uma beleza moral: dá-lhes também uma certa beleza física. (Olavo Bilac ) A beleza é o que é. Nada mais inútil que o tentar conceituá-la. O belo é sempre uma inapreensão, um eterno escape, uma viagem ao fundo profundo – e profuso – das impossibilidades humanas. Quanto mais a querem submeter, mais a beleza escapa das mãos que a julgavam submissa. A beleza e o belo apenas existem. Através dos séculos, homens em legiões vêm tentando codificar o belo. Os incautos contam-se aos milhares. Mas já há os que se convenceram definitivamente do sem-fim dessa tarefa, pois não existiu sábia alma ou especial sensibilidade que não tenha tentado conceituá-la – sempre insatisfatoriamente. O belo não cabe nos limites do homem, não se deixa reduzir a um esquema, a um sistema. É fluid...
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Sérgio Ferreira e as cores da intuição Sérgio Ferreira em seu ateliê: um operário da arte Um artista não arrogante, intuitivo, que vive da arte. E não se trata de uma arte qualquer, mas de uma produção consistente, resultado da mescla de materiais, “alterados” ou “afetados” por ele, na estudada manipulação dos elementos, no desenvolvimento de técnicas, valendo-se de conceitos híbridos. Além disso, uma arte múltipla a que ele faz (pintura, escultura, mobiliário), mas não pedante, avessa a modismos, próxima, sim, de ser decorativa, só que em nenhuma hipótese banal. Enfim, “arte sincera”, como ele mesmo diz, feita por um artista real, um operário das tintas, no esforço de bem conceber o produto de seu ofício. Sérgio Ferreira é das Minas Gerais. Aos 53 anos, vive hoje em Montes Claros, creio, numa ampla casa onde dedica o seu dia a dia – dos primeiros raios da manhã até o anoitecer – a criar telas, esculturas, móveis (que são muito mais esculturas), e quase não lhe ...
Um poema de Mário Faustino
Volto aqui a um belo poema de Mário Faustino, um autor que em sua juventude conviveu com alguns de meus mais diletos mestres do campo da literatura em Belém do Pará. Faustino é um autor ainda hoje, sob muitos aspectos, incomparável, um dos maiores em língua portuguesa, embora com uma produção pequena, enxuta, talvez em razão de seu perfeitismo , uma virtude que o levou a escrever muito pouco (falo de poemas, claro). Ler um poema de Faustino nos joga no centro de uma questão necessária a quem escreve: a da natureza da poesia hoje, que oscila quase sempre entre um neoparnasianismo injustificável, um simplismo "em favor da comunicação" e um visualismo neoconcreto desanimador. Os poemas de Faustino não são simples nem banais, porque produtos de uma "técnica literária" que em momento algum é bijuteria no poema . BALATETTA Por não ter esperança de beijá-lo Eu mesmo, ou de abraçá-lo, Ou contar-lhe do amor que me corrói O coração vassalo, Vai tu...
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