As quatro estações

Poemas concebidos para um espetáculo de música flamenca 




Verão

A hora é a hora
Em que se faz (agora)
A mágica candente
Dos teus pés de lince
Nos passos dessa dança
Volumosa e áspera.
És um sol que explode
E que penetra ardente
Uns braços que se expandem
Num balé de raios...
Vai... A vida é bela
Nos teus pés de fogo
Laços de vertigem,
Neste dia longo
(O mais longo da vida),
Nos passos dessa dança
Feita de suor e flores...
É VERÃO? Amores?


Primavera


Borboleta, é claro,
É uma flor que gira
Entre flores raras
Numa dança breve,
Leve como a pluma.
Deixa um pouco o laço
Ficar só mais um pouco
Nesse pouso de ave
Sobre mãos suaves
Que alcançam a face
Da louca bailarina.
Mais parece estrela,
Essa menina rara
Que sorri, brincando,
Toda PRIMAVERA!



Outono

O teu corpo gira
Em torno de si mesmo
Leve folha a esmo
Levada pelo vento.
Mais que folha: é pluma
De mulher que esfuma
A dor dos pensamentos
Em círculos de dança.
Num ritual flamenco.
Pés que se desfazem
E se perfazem em Vênus
Levada pelo vento
Tocada pelo sono
Na última sonata
Deste novo OUTONO.


Inverno


Ah, se fosses de gelo...
Se de gelo fosse
O teu olhar flamenco
A tua boca fria
O teu olhar cinzento.
Se tua boca fosse
Fria neve ausente
Gelada semente

De uma dança fria...
Mas teu baile de hoje
É fogo, flama, lava
De boreais inventos:
Braços, bocas, vento...
O teu olhar flamenco
Vai derreter o gelo
De todos os INVERNOS.


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