Bela, a quem o mar chama de música
Paradiso
Há mil anos procuro pela Terra
A canção capaz de revelarA doçura, a tristeza de te amar
Só mais um dia.
Fui aos oceanos mais profundos
Em busca dos seres cuja voz
Encanta até as pedras,
Aos quais ninguém resiste.
Mas voltei confuso: o mar em fúria,
O vento não me deixava em paz,
Os lamentos eram de horror
E havia sangue em naus e tombadilhos.
Segui então aos céus. Falavam
De um tal coro de anjos
Que faz tremer as almas,
Mas seu canto era tenro,
Com modos de novilha,
Lento e delicado, mas um tanto
Que nos fez enjoar, se prosseguia.
As aves da floresta cantavam
Num tom tão efusivo
Que as cores todas me doíam
Aos olhos e aos ouvidos, insistentes.
E nos jardins de flores brancas soava apenas
A voz muda duns insetos barulhentos.
Onde encontrar a música, minha alma,
A dor-delícia de abrir os olhos dia a dia
E ver-te a meu lado, bela, branca, calma?
Até que um dia, entre as quatro paredes
Da sala escura e fria de nossa antiga casa,
Ouvi um som de sopro, piano e violoncelo.
A música suave e forte
Saía não de fora, de céu ou oceano,
Mas de dentro, de um coração qualquer
Ali tão perto (e quase explodia).
Dizia de uma vez – e por tão pouco!
Da angústia, do fascínio de te amar
Alegre e triste, sano e louco
Só... por mais um dia.
Rey Vinas
Este sim é um poema de verdade...o fascínio me atinge em cheio,parabéns meu amigo poeta...
ResponderExcluirorlando noleto