Há mais de 20 anos tive um sonho. Nele, uma bela mulher branca de leite caminhava entre pessoas, numa clareira, cabelo ao vento. Havia festa e fogueiras por todos os lados. Ela no entanto caminhava só. Eu a vi como raramente se vê. E subitamente ela também me viu. Era um sonho. Só muito mais tarde creio que a conheci (e reconheci): os mesmos olhos, a mesma paz até hoje comigo.
Para Elisabete
A cor do fogo
Para Elisabete
Sonho felicíssimo
tive de ti, amiga.
Éramos (os dois) moços,
com a perplexidade diante da vida
que atinge os jovens e os incautos.
Habitávamos não sei que paragens
cheias de gente e de pradarias;
cantores, viciados, bêbados,
todos luminosos, apaziguados, santos.
Havia um de voz mais estridente,
um deslumbrado cantor;
uma vertigem de mulher,
loura de fogo,
atirando flores para o alto.
Meninas passavam cantando
odes para a América
e ao longe um vapor de vinhos,
um odor de carnes
tostando
num recente fogo.
Assistíamos a tudo, calmamente,
caminhando entre todos.
E nos olhávamos
com olhares retos,
atirando flores para o alto.
O teu cabelo vestia
o fogo...
a cor do fogo;
vibrávamos nas taças um licor,
um vinho rubro,
um brinde aos nossos dias.
No meio da noite erguias
para mim
olhos esfuziantes.
E meu coração disparava
felicíssimo,
atirando flores para o alto.
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