Um poema de meu livro "Ters" (Terra), apropriado para noites insones


Ouvi de uma amiga (parece loucura, mas é real) que em sua longínqua casa de praia, em noites estreladas, sempre esperava que das esferas cósmicas e transcendentais surgisse de repente um anjo. 


O anjo


Em silêncio
ajardinei alguns cantos da casa,
perfumei cortinas
e esperei chegar aquele anjo
(pacientemente,
porque anjos não se apressam).

Sentado a uma cadeira de balanço,
rodeado de livros antigos,
ouvi por três dias e três noites
as cigarras em frenesi
dançarem na varanda.

Cometas colidiram na minha janela.
Estrelas cadentes perderam-se
no mar.
Um pássaro suicidou-se em voo livre,
da sacada...

Então Ele chegou.
E não havia luzes em seus olhos,
não havia asas nem espadas de fogo
nem sonidos...

Só o que Ele fez foi jogar cartas comigo.

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