Guarda-chuva
Sobre nós as cerejeiras se abrem como um guarda-chuva de lágrimas amarelas.
Mesmo que abrase o sol fora desse casulo de flores,
ali embaixo, no túnel em que se espera o desabrochar das cerejas,
a brisa amena varre os cabelos e abraça-nos com suavidade.
É importante ficar ali, a descansar um pouco
do que há lá fora,
no meio do asfalto, sob os edifícios
e além, no alto céu, onde uma cortina de fumaça evoca o apocalipse.
É imprescindível estar sob o manto das cerejeiras,
sob seu vestido amarelo de festas feito especialmente para um noivo.
É fundamental aspirar o perfume das cerejas, ainda que elas não estejam lá
e haja apenas flores, a brisa e nós, somente nós,
o que é uma forma certo modo simples – e surpreendente –
de aproveitar a vida.
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