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Mostrando postagens de agosto, 2019

Aço

Eu trouxe a morte diante de mim, tão perto de ti quanto podia, até o gemer do aço temperado dessa espada fria, a fria lâmina de todas as desditas dos sedentos deste poço que esvazia a água de seu próprio rosto. Eu trouxe a morte; eu vivo a morte como quem devora a última comida cheia de fumaça e ri no topo de uma escada em espirais de veneno (um veneno que devasta) tomado da verde alegoria que enfeita o carro dos mortais que um dia vestiram aquela fantasia. A morte, primeiro antepasto que eu comia a olhar o oceano vasto onde me afogaria é mãe do horror e filha da desgraça. Eu deixo a vela, a vela desse funeral embaixo da janela porque não posso mais e tudo passa. Soprada pelo vento, onde está ela? Onde estarás? Talvez entre os umbrais. Quem sabe esteja na taverna, em que a última cerveja foi servida a Barrabás, enquanto aquela outra, encharcada de vinho, espera e não sabe o que faz. Eu sei a morte, a morte foi meu ninho. Tu só depois de morto a sa...

Razão e sensibilidade

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Os tempos atuais, de vida acelerada, de mensagens por dispositivos móveis, provoca a necessidade de comunicação cada vez mais reta e breve. A escrita precisa então de períodos mais curtos. A inversão de elementos na frase, tão cara a tempos pretéritos (em que soava como qualidade de estilo), dá lugar à predominância da ordem direta, principalmente no jornalismo. Diz a influencer Dad Squarisi em seu Blog:  “Na frente, o mais significativo. Atrás, o secundário. Sujeito + verbo + complemento é a fórmula. Bolsonaro elogiou o filho na entrevista de ontem no Palácio do Planalto. A ideia substantiva — Bolsonaro elogiou o filho — abre o enunciado. É ela que ficará retida na memória. O complemento tem importância secundária. Se algum pormenor se perder, não comprometerá o recado. Compare: Na entrevista de ontem no Palácio do Planalto, Bolsonaro elogiou o filho. A informação mais importante perdeu-se na rabeira da frase. Azar do leitor”. * As diferenças de estilo não se p...