Um país sem Hilda Hilst
Eu sempre me fascinei com o matemático indiano Srinivasa Ramanujan. Ele dizia que para resolver seus intricados teoremas era movido apenas pela beleza das equações. Na poesia também é assim. É uma espécie de exercício do não dizer, mas que nos dilata de beleza quando acabamos de ler um poema. Hilda Hilst morreu em fevereiro de 2004, cinco dias antes do meu aniversário, de falência múltipla dos órgãos, depois de uma queda em que fraturou o fêmur. Aquele foi um péssimo fevereiro. Escrevi um artigo nesse dia, desolado com a indigência não propriamente literária, mas cultural deste país. Os telejornais daquele dia, fixados em celebridades fúteis, sequer conseguiram dar a entender à população que o Brasil perdia um de seus expoentes, uma pessoa das mais dignas, uma artista singular. Se não fossem os cadernos de arte dos principais jornais impressos, o episódio receberia quando muito uma locução em off . R eproduzirei aqui o que afirmei à época (e dou início neste mom...